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“A China é uma promessa e uma esperança para a Igreja”. As palavras foram ditas pelo Papa Francisco no voo que encerrava sua visita a quatro países da Ásia, em setembro. A China não estava no roteiro, mas o país foi um tema constante na viagem e que marcou a diplomacia papal de Francisco. Ele teve sucesso em oxigenar as relações entre Vaticano e Pequim, mas morre sem realizar o desejo de ser o primeiro pontífice a visitar a China. 294q47
Mesmo fazendo muito mais que seus antecessores para reduzir a tensão, Francisco provavelmente não conseguiu preparar o caminho à primeira visita papal num futuro próximo, ou sequer para uma reconciliação oficial. Os laços diplomáticos foram cortados em 1951, dois anos após a chegada ao poder do líder comunista Mao Tsé-tung. Atualmente, o Vaticano é o único Estado da Europa que não reconhece o governo de Pequim como o legítimo representante da China, e ainda mantém relações com Taiwan. r6v4m
Estima-se em 12 milhões o número de católicos na China. Eles encaram uma realidade complexa para praticar sua fé, de ritos públicos aprovados pelas autoridades até a clandestinidade e a repressão. O choque histórico é entre a autoridade do Vaticano para nomear bispos católicos ao redor do mundo e a supremacia do Partido Comunista da China sobre tudo, incluindo no setor espiritual. Enquanto os 100 milhões de membros do PC têm obrigação de serem ateus, a Constituição do país prevê liberdade religiosa.
Na prática, porém, não é tão simples. Ativistas de direitos humanos e relatores da ONU denunciam a repressão religiosa oficial. Ela atinge mais as minorias muçulmanas, mas também pega os cristãos e outras comunidades. No caso dos católicos, desde 1949 há uma divisão entre a Igreja Patriótica, subordinada ao PC, e a Igreja alinhada com o Vaticano, em grande parte operada na clandestinidade.